PREVENÇÃO DE DOENÇAS NA INFÂNCIA
Prevenção de acidentes na infância

    A prevenção de acidentes na infância é uma responsabilidade das mais importantes dos pais e responsáveis, tantos são os riscos e perigos com que convivemos diariamente.

    Os acidentes estão entre as cinco principais causas de morte e podem deixar importantes seqüelas físicas e psíquicas, comprometendo irremediavelmente o futuro e o desenvolvimento da criança.

    Ao contrário do que muitos pensam, os acidentes não são fatalidades nem obras do destino. Noventa por cento deles podem ser perfeitamente evitados.

    Existem três regras básicas que norteiam a prevenção de acidentes na infância.

    Regra n° 1: Tenha senso de realidade.

    Não se entregue ao pensamento mágico de que o seu filho é imune a este tipo de problema. Esteja sempre atento a todos os possíveis riscos e evite-os.

    Regra n° 2: Mantenha o ambiente seguro.

    Simplesmente retire do ambiente em que a criança vive todos os possíveis riscos. Guarde, em lugar inacessível, objetos pontiagudos e cortantes, produtos químicos de limpeza, remédios, objetos pequenos que possam ser ingeridos ou inalados, objetos que possam cair, sacos plásticos, cordões e fios capazes de sufocá-la, e tampe as tomadas acessíveis com os dispositivos apropriados.

    Regra n° 3: Vigilância constante e responsável.

    Antecipe os movimentos da criança. Mantenha-a sempre sob suas vistas. Não delegue responsabilidade a pessoas incapacitadas de efetiva vigilância, como crianças ou pessoas idosas.

    Para facilitar a conscientização do problema, vou expor, por faixas etárias, quais são os principais acidentes que ocorrem no dia-a-dia e quais são as maneiras de evitá-los.

O bebê de colo

    Os acidentes mais freqüentes nessa faixa são as queimaduras com água de banho ou alimentos quentes, enforcamento com cordões de chupetas, afogamentos no banho, intoxicação por erro na dose de medicamento e quedas do trocador ou da cama.

    Para evitar as queimaduras, basta criar o hábito de experimentar a temperatura da água antes do banho e experimentar os alimentos antes de oferecê-los ao bebê. Evite colocar fios ou prendedores para amarrar a chupeta e, se for utilizá-los, deixe-os suficientemente curtos para evitar que se enrolem em torno do pescoço da criança. Nunca os amarre ao redor do pescoço, como colares. Para evitar afogamentos, nunca deixe a criança sozinha na banheira (mesmo que se sinta bem) e utilize os assentos próprios de borracha antiderrapante. Quanto aos remédios, nunca os administre sem expressa ordem do pediatra e adquira seringa ou dosador para a porção recomendada. As quedas só podem ser evitadas com vigilância constante. Nunca espere que o bebê não vá rolar, porque ele pode começar a fazer isto a qualquer momento. Mesmo a colocação de obstáculos, como travesseiros ou pequenas grades no trocador, não substituem a vigilância responsável.

A criança que se desloca

    A partir do momento em que a criança começa a engatinhar ou a andar, triplicam os perigos que pairam sobre ela. Além de continuarem existindo os riscos anteriores, acrescentem-se à lista de acidentes as intoxicações por medicamentos, produtos de limpeza, raticidas, plantas ornamentais e derivados do petróleo ao alcance das crianças. Além disso, são comuns a sufocação com sacos plásticos, a eletrocussão em fios e tomadas, os atropelamentos, as mordeduras e picadas por animais peçonhentos, os ferimentos cortantes e perfurantes, as queimaduras no fogão, a ingestão ou inalação de pequenos objetos, a síndrome do tanque, as quedas de alturas.

    Para evitar as intoxicações acidentais, o mais importante é dispor de local alto e inatingível de armazenamento dos produtos perigosos, completamente fora do acesso das crianças. Não se fie em locais baixos protegidos por chaves, porque, na azáfama do dia-a-dia, é muito fácil esquecer aberta uma porta. Um descuido pode ser fatal. Elimine da casa as plantas venenosas. As que são mais freqüentemente responsáveis por intoxicações em crianças são a comigo-ninguém-pode, a mamona, a saia-branca, o copo-de-leite, a costela-de-adão, a espirradeira, o bico-de-papagaio, a oficial-de-sala, os cogumelos e as folhas da batata e do tomate. Existe, ainda, lista muito grande de vegetais capazes de provocar envenenamentos. Procure conhecer as propriedades e perigos das plantas que você possui em casa, para certificar-se de que não oferecem riscos em caso de ingestão. Com os sacos plásticos, basta escondê-los em local inacessível. Se a criança gosta de brincar com este tipo de material (que é bastante divertido), corte os sacos em pedaços que não permitam a sufocação. Durante o planejamento da casa, as tomadas devem ser instaladas em locais elevados, nunca perto do solo. Se a sua casa tem tomadas baixas, tampe-as com protetores de plástico. Para evitar atropelamentos, não acostume a criança a brincar perto da rua ou em locais por onde transitem carros; leve-a para parques e locais apropriados. Não armazene entulho ou objetos velhos e imprestáveis, que podem servir de ninho a animais peçonhentos. Da mesma forma, não deixe o mato crescer no quintal. Esconda objetos cortantes e perfurantes, como facas e tesouras. Na cozinha, utilize apenas as bocas traseiras do fogão e nunca deixe os cabos das panelas voltados para a frente, de modo que a criança possa alcançá-los. Retire os botões que controlam o gás, para que a criança não possa ligá-lo acidentalmente e provocar um desastre. Não deixe pequenos objetos ao alcance do bebê. Ele pode levá-los à boca, degluti-los ou inalá-lo para os pulmões. Cuidado com pequenos brinquedos. Antes de dá-los à criança, verifique na embalagem se são recomendados. O tanque de lavar roupa é um local muito perigoso. Verifique se está bem preso à parede, pois, ao se pendurar nele, a criança pode derrubá-lo sobre si, causando sérias lesões. Este tipo de acidente é tão freqüente que já foi apelidado de síndrome do tanque e tem alta taxa de mortalidade. Se você mora em sobrado ou apartamento, instale grades nas janelas para evitar quedas. Estude os perigos que a sua residência oferece e elimine-os.

    A criança independente

    A criança maior, que explora ativamente o ambiente, que vai à rua sozinha e faz as coisas escondida dos pais, está sujeita a uma série de acidentes graves, que só podem ser evitados através de orientação clara, incisiva e convincente.

    Aqui se incluem as queimaduras por fogos de artifício, acidentes com armas de fogo, quedas de árvores e muros, quedas de brinquedos de velocidade (patins, bicicletas e skates), ferimentos cortantes e perfurantes e os acidentes de trânsito.

    Para lidar com este tipo de problema, o mais importante é a coerência. Se você está acostumado a soltar fogos de artifício, dificilmente vai convencer o seu filho a não fazer o mesmo. Armas de fogo dentro de casa produzem falsa sensação de segurança, pois nunca vão proteger efetivamente sua família de um assalto, têm grande chance de cair nas mãos dos assaltantes e provocam sérios acidentes de caráter irreversível. Se o brinquedo de velocidade é inevitável, compre os apetrechos de segurança recomendados (capacetes, joelheiras, cotoveleiras) e só permita que seu filho o utilize em locais protegidos (nunca na rua). Para andar sozinho na rua, a pé ou de bicicleta, a criança deve estar efetivamente treinada a conhecer e obedecer as regras de trânsito, para evitar que se envolva em acidentes com veículos motorizados. O transporte da criança no carro também deve ser feito de maneira correta, mas isto é um capítulo à parte.