AMAMENTAÇÃO

    A amamentação ao seio é o primeiro cuidado e o primeiro sinal de amor que a mãe pode oferecer ao filho

    Verdadeiro substituto do cordão umbilical, o seio materno é a solução que natureza encontrou para fornecer alimento estéril, balanceado, na temperatura certa, repleto de anticorpos protetores e ao mesmo tempo capaz de fortalecer os vínculos afetivos entre a mãe e o filho.

    Mas mesmo sendo a solução mais lógica e natural, a amamentação ao seio nem sempre é tarefa fácil. Muitas mulheres, principalmente as que já tiveram filhos anteriormente, têm a felicidade de estabelecer uma lactação tranqüila, abundante e sem dificuldades. Outras, geralmente as mães de primeiro filho, podem encontrar dificuldades por vezes intransponíveis, se não estiverem preparadas para a tarefa.

    O primeiro passo para uma amamentação bem sucedida é o preparo do bico do seio, tal como descrevemos em capítulo anterior. Um bico de pele frágil lacera-se facilmente com o atrito da sucção, gerando fissuras, dor, sangramento e conseqüente mastite (infecção da glândula mamária), inibindo a lactação. O fortalecimento dos mamilos desde o início da gestação deve ser uma das prioridades do acompanhamento pré-natal. Durante a amamentação estes cuidados devem ser redobrados. A exposição dos mamilos ao sol é importante para reduzir a proliferação bacteriana. A tração do mamilo durante a sua retirada da boca do bebê deve ser evitada por ser fonte comum de lacerações e fissuras. A técnica para isto é simples e consiste em introduzir a ponta do dedo mínimo na boca da criança, fazendo-a soltar o seio em troca do dedo. A limpeza do mamilo com produtos como água boricada, álcool, ou outros que removam a camada de gordura protetora deve ser evitada. O ideal é utilizar óleo de amêndoas ou um creme protetor indicado pelo pediatra ou obstetra.

    A estabilidade psicológica da nutriz também é fator preponderante no estímulo à produção do leite. Quem amamenta deve ter completo apoio dos familiares, seja no sentido de ser poupada das atribulações domésticas, como das preocupações desnecessárias sobre às quais não tenha como interferir. As duas primeiras semanas após o parto serão decisivas neste sentido, considerando-se a fragilização emocional pela qual a mulher passa neste período delicado. A fadiga, o stress, o nervosismo e a ansiedade são fatores que inibem a lactação.

    A alimentação da lactante merece atenção especial. Deve ser rica em líquidos, variada e balanceada. Regimes de perda de peso são contra-indicados nesta fase. Bebidas alcoólicas também não devem ser utilizadas, porque além de poder ser eliminado no leite, o álcool inibe a sua produção.

    Quem amamenta deve se precaver também de certas armadilhas (que alguns pais ou avós ciumentos costumam utilizar para desvincular a relação mãe-filho), como o conceito do "leite fraco". Crianças amamentadas ao seio geralmente mamam de hora em hora, fato perfeitamente normal e decorrente do fácil digestibilidade do leite materno (o esvaziamento gástrico é mais rápido). Crianças alimentadas com leite de vaca demoram mais para sentir fome novamente. Isto está relacionado com o menor grau de digestibilidade das gorduras do leite de vaca e um esvaziamento gástrico mais demorado. Em outras palavras o leite de vaca não "sustenta" mais, mas "empanturra" mais. Isto quer dizer também que a amamentação ao seio pode envolver um grau maior de sacrifício, principalmente pelas madrugadas mal dormidas (nada que o amor materno não possa superar). O aspecto mais "aquado" do leite materno, quando comparado ao leite de vaca também é normal, e não indica "leite fraco". O melhor indicador para o sucesso da amamentação é o ganho de peso do recém-nascido, avaliado em consulta pediátrica rotineira na segunda semana de vida. Em caso de dúvida sobre o estabelecimento da lactação, não tome decisões precipitadas, mas escute a opinião do pediatra. Ele é o especialista capacitado para aquilatar a real necessidade de interferência na amamentação e a complementação da alimentação com leite de vaca é apenas uma das alternativas existentes. Muitos problemas podem ser resolvidos de maneira simples com medidas específicas, mas que devem ficar à critério do profissional.