EMBRIOFETOPATIAS MEDICAMENTOSAS
Agentes anticonvulsivantes

    Anticonvulsivantes são medicamentos utilizados especificamente no tratamento da epilepsia (doença do sistema nervoso caracterizada por crises convulsivas). De uma maneira geral, e independente do uso destes medicamentos, os descendentes de pacientes epilépticos têm um a chance duas a três vezes maior de apresentar anomalias congênitas do que a população de indivíduos normais, fato este provavelmente ligado à doença de base.

    O tratamento da epilepsia durante a gravidez é assunto muito delicado. Se por um lado nenhum medicamento anticonvulsivante é completamente seguro durante a gestação, por outro, este é um tipo de doença que não pode deixar de ser controlada, mesmo porque as crises podem ocasionar lesões ao feto. Alguns remédios no entanto devem ser evitados e substituídos durante a gestação.

    Os derivados das oxazolidinas (trimetadiona e parametadiona) são formalmente contra-indicados para mulheres em idade de procriação, uma vez responsabilizados por várias malformações fetais graves (retardo mental; retardo de crescimento intra-uterino; malformações cardiovasculares, urinárias e de membros; alterações na face; fenda palatina; entre outras).

    O uso da difenilhidantoína durante a gravidez está associada a uma síndrome específica caracterizada por dismorfia facial, anomalias menores de extremidades (hipoplasia de falange distal e unhas), retardo de crescimento intra-uterino, retardo neuropsicomotor, anomalias cardíacas, fendas labiopalatinas. Recentemente associou-se também o uso desta droga ao aparecimento de tumores graves como o retinoblastoma, quando utilizada durante a gestação. O ideal é que esta droga seja, quando possível, substituída durante a gestação. Quando o quadro clínico não o permita, sua dose deve ser monitorizada e mantida nos limites terapêuticos inferiores, sempre com acompanhamento ecográfico.

    O Ácido valpróico está associado a um risco específico de 1 por cento de anomalias de fechamento do tubo neural. Propõe-se um esquema de prevenção destas patologias com o uso de ácido fólico nos três meses antecedendo a concepção e durante o período de embriogênese do sistema nervoso. Existe também o risco de dismorfias e possivelmente de anomalias cardíacas, cujos riscos ainda não estão estimados. A detecção precoce de anomalias neurais pode ser feita através da dosagem de alfafetoproteína e/ou acetilcolinesterase durante a gestação.