Estimulando o desenvolvimento neurológico do lactente
Silogismo

    O silogismo é a dedução feita a partir de duas proposições denominadas premissas, de modo a originar uma terceira proposição logicamente implicada, denominada conclusão. É exercício que deve ser estimulado diariamente na dialética, de maneira espontânea e natural. Por exemplo, se a criança de dois anos e meio sobe em uma cadeira sem apoio, os pais têm várias opções de conduta. Podem simplesmente tirar a criança da cadeira. Podem ameaçar a criança: - Você vai cair!... Ou podem treinar a arte do silogismo: - Se você subir em um lugar alto e se você cair, vai se machucar.

    Na rotina do dia, pode não fazer muita diferença a opção que os pais escolham, mas toda informação recebida pelo cérebro é informação processada. A maneira como a informação é recebida é o grande fator determinante da maneira como será processada. A maneira como os pais encaram os fatos reflete-se no modo como a criança processa as informações, o que, finalmente, determina a qualidade de sua inteligência.

Síntese

    A síntese é definida como a operação mental que procede do simples para o complexo. É o caminho natural do pensamento lógico e a base de todo conhecimento adquirido. Em qualquer área do conhecimento, qualquer conquista intelectual deve necessariamente ser fundamentada neste tipo de raciocínio ou não terá fundamento aceitável. Todo grande matemático começou sua aventura no conhecimento através do um mais um igual a dois. Passo a passo, novos conhecimentos e novas técnicas foram acrescentando-se ao seu cabedal, de modo que alguns passos começaram a ser pulados e outros passaram a ser automáticos.

    Para a pessoa que não tenha trilhado todo o caminho, o raciocínio matemático vai parecer complicado e inacessível. Para quem partiu do simples para o complexo, tudo é fácil e lógico. Não existem conhecimentos complicados. O que existe são raciocínios incompletos. Não existem conhecimentos difíceis de serem aprendidos. O que existe são hiatos na técnica de ensino. Muitas vezes, o adulto se esquece disso e, ao conversar ou explicar algo à criança, aborda temas que ela não domina, para justificar algo que ela está tentando entender. O resultado da conversa é medíocre.

    No diálogo com crianças, é necessário realizar esforço extra para se avaliar o que o interlocutor pode assimilar e, ao mesmo tempo, expor todo o caminho do raciocínio, partindo-se do simples para o complexo, em passos lógicos e interligados, sem hiatos. Dando um exemplo politicamente incorreto, se a criança de quatro anos quer saber por que se coloca gasolina no carro, não adianta dizer a ela que a gasolina faz o carro andar. Ficaria calada e pensativa, não iria entender nada e se perderia ótima oportunidade de estímulo ao desenvolvimento. A melhor opção será levar a criança até o carro, abrir o capô, mostrar o motor funcionando, mostrar o tanque de gasolina e o encanamento que leva a gasolina até o motor. A partir desse fato, novas dúvidas vão surgir e provavelmente a criança vai querer saber mais. A formulação de perguntas implicadas é a prova de que a criança está assimilando os conhecimentos como resultado da metodologia. Não podemos conversar com crianças da mesma maneira que com adultos. Com estes, podemos empregar hiatos e pular processos. Com aquelas, o caminho do raciocínio, mesmo que enfadonho, deve ser completo, partindo-se sempre do simples para o complexo. Dá mais trabalho, mas o resultado compensa.

Maiêutica

    A maiêutica é um método de ensino socrático no qual o professor se utiliza de perguntas que se multiplicam para levar o aluno a responder às próprias questões. É uma técnica de ensino fantástica, que atinge resultados excelentes. Tem a vantagem de funcionar como verdadeiro exercício mental para o aluno, que, utilizando seus próprios conhecimentos, desenvolve a capacidade associativa, otimizando recursos na estruturação de mecanismos de raciocínio lógico. Também funciona muito bem para bebês.

    O processo da maiêutica pode começar, por exemplo, quando a criança de dois anos pergunta aos pais alguma coisa que já sabe. Freqüentemente, crianças pequenas fazem esse tipo de questão. Basta aos pais devolver a pergunta e a criança responderá com um sorriso feliz por constatar que sabe a resposta. Quando faz isto, não está testando os pais ou divertindo-se. Está simplesmente abordando um objeto com uma região do cérebro no qual ele não está registrado. Digamos que está encarando o objeto sob outro ponto de vista. Ao receber de volta a questão, a criança faz um esforço e, utilizando de recursos associativos, descobre a região da mente onde definira o objeto e responde à própria pergunta. Questões mais elaboradas exigem mais de uma pergunta para atingir o objetivo. A maiêutica, do mesmo modo que a síntese, deve trilhar o caminho lógico, mas, ao contrário desta, pode partir do complexo para o simples, se se utilizar de recursos apropriados. A maiêutica, por ser um processo elaborado, necessita de um pouco de esforço e talento dos pais, como tudo que vale a pena na vida.