EMBRIOFETOPATIAS MEDICAMENTOSAS
Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios

    O ácido acetilsalicílico (AAS) é dos medicamentos mais comumente utilizados no controle da febre e da dor, geralmente sem supervisão médica. Vários estudos de grande porte já foram realizados para avaliar a segurança de seu uso na gravidez, não tendo nenhum deles até agora conseguido relacionar o seu uso no primeiro trimestre de gestação a nenhum tipo de embriopatia ou malformação. Por outro lado o uso do ácido acetilsalicílico no final da gravidez está associado vários distúrbios tanto maternos como fetais. O ácido acetilsalicílico pode inibir o desencadeamento do trabalho de parto e levar à pós-maturidade fetal. Por ser um inibidor da agregabilidade plaquetária está implicado com fenômenos hemorrágicos tanto maternos quanto do recém-nascido. Por competir com a ligação da bilirrubina com a albumina pode provocar icterícia e impregnação bilirrubínica do sistema nervoso central causando deficiência mental. Finalmente por ser inibidor da atividade de prostaglandinas, ele e todos os anti-inflamatórios não hormonais, podem induzir ao fechamento precoce do ducto arterioso fetal provocando hipertensão arterial pulmonar e insuficiência cardíaca. Deste modo o ácido acetilsalicílico e todos os anti-inflamatórios devem ser evitados no terceiro trimestre da gestação.

    A dipirona, apesar de ser largamente utilizada no Brasil, praticamente inexiste nos Estados Unidos e na Europa, refratários ao seu uso em razão de ter sido implicada na gênese de alguns casos de agranulocitose (diminuição na produção de glóbulos brancos) por ocasião dos estudos clínicos iniciais. Deste modo não existem estudos adequadamente amplos que demonstrem a sua segurança ou a sua teratogenicidade na gravidez humana.

    O paracetamol (apesar de como a dipirona também poder causar distúrbios na produção de glóbulos brancos) é analgésico e antitérmico bastante difundido na Europa e América do Norte. Uma série de estudos já demonstraram sua segurança durante a gravidez, sendo praticamente desprovido de potencial teratogênico. Apesar de já ter sido implicado em casos isolados de metahemoglobinemia do recém-nascido e hiperbilirrubinemia neonatal, é considerado o medicamento mais seguro e de primeira escolha a ser utilizada na gestação.