Estimulando o desenvolvimento neurológico do lactente
Estimulando o raciocínio não-verbal

    O raciocínio não-verbal é a forma exclusiva de raciocínio do lactente e, portanto, é de mecanismo mais antigo, complexo e estruturado do que o raciocínio verbal. É a partir dele que o raciocínio verbal se desenvolve, baseado nas experiências sensoriais da audição, visão, paladar, olfato, tato e corporeidade . Em cada fase do desenvolvimento, existirão técnicas específicas para o estímulo desta área do inconsciente (self não-verbal). Na vida adulta, apesar de não nos darmos conta disto, é o raciocínio não-verbal que predomina na tomada de decisões sociais e nos comportamentos e dele depende, em grande escala, o próprio raciocínio lógico ou verbal.

    O raciocínio não-verbal possui extensão muito maior do que o raciocínio verbal e, apesar de poder ser modificado por informações (conclusões lógicas) provenientes do raciocínio verbal, geralmente o pensamento não-verbal está um passo à frente na compreensão de inúmeros problemas cuja estruturação está situada além do campo puramente lingüístico. Apenas para fazer uma comparação, o raciocínio não-verbal tem, como acima sugeri, estrutura tridimensional, enquanto o raciocínio verbal é bidimensional. Estando dentro do campo lingüístico, a apresentação para a criança de problemas definidos dentro da sua capacidade lógica de compreensão não representará desafio (não servindo, portanto, como estímulo para a área não-lingüística).

    A melhor maneira de estimular o raciocínio não-verbal é apresentar problemas que envolvam conceitos lógico-formais que a criança não possua e que, portanto, não possa resolver de imediato, por meio de raciocínio verbal. Deste modo, o problema é remetido ao inconsciente que, trabalhando por método de comparação associativa, procurará estruturar modelos de solução de problemas onde este sistema particular se encaixe ou se assemelhe e, a partir dele, estabelecer um padrão de raciocínio lingüístico, resolvendo o dilema formado no consciente.

    Uma das técnicas neurolingüísticas mais divulgadas para a resolução de problemas complexos é exatamente deixar que o inconsciente encontre a solução, por exemplo, durante o sono (pedir conselho ao travesseiro), quando o raciocínio não-verbal está trabalhando e estruturando a resolução do problema, de modo a ser compreendido pelo limitado raciocínio verbal.

    É neste aprendizado antecipado que se baseiam também conhecidas técnicas de alfabetização de bebês, de desenvolvimento de raciocínio matemático e de ensino de conhecimentos enciclopédicos. A metodologia destas técnicas consiste na apresentação de estímulos visuais e auditivos correspondentes, de modo a estabelecer conexão associativa entre as informações. A conexão associativa sensorial é a base para a estruturação posterior do esquema lingüístico lógico-formal ou raciocínio verbal.

    A capacidade de aprendizado não lingüístico do bebê é recurso de difícil avaliação para o adulto. Conceitos complexos podem ser retidos em questão de segundos pelo lactente e, no entanto, só depois que o aprendizado estiver estruturado dentro de esquema lingüístico reproduzível pela criança é que o adulto considerará o assunto aprendido.