O QUE IMPORA NA HORA DO PARTO
Parto normal ou cesárea?

    A indicação do tipo de parto, muito mais do que uma questão pessoal, econômica ou filosófica, tem caráter estritamente técnico.

    É claro que o desejo da paciente optar por esta ou aquela técnica específica deve ser levado em consideração, mas apenas quando as características clínicas permitam a escolha. O acompanhamento pré-natal, a avaliação das peculiaridades anatômicas da paciente, a experiência do profissional e os recursos disponíveis na instituição hospitalar devem ser considerados nesta decisão importante. Tanto o parto normal quanto a cesárea podem evoluir com complicações específicas. Ninguém está isento delas.

    Cabe ao obstetra a função de julgar a situação e de escolher o método mais seguro para a mãe e para a criança. Ocasionalmente, a paciente ou mesmo a família, por força de idéias preconcebidas, tentam interferir na decisão. Às vezes, isto tem conseqüências desastrosas. O profissional deve ter liberdade para decidir esta questão técnica, principalmente por ter recebido o treinamento e a responsabilidade para conduzir o caso.

    Por outro lado, quando a paciente pode e quer escolher o método, deve estar completamente ciente dos riscos e benefícios de cada técnica. Atualmente existe uma tendência mundial liderada pelos países do assim chamado primeiro mundo, de optar pelo parto normal, seja pelo menor índice de complicações para a mãe e a criança, seja pela melhoria na qualidade do acompanhamento pré-natal e obstétrico na detecção precoce das complicações do trabalho de parto normal, seja pelos menores custos institucionais. No Brasil, particularmente, navega-se na contra-mão desta tendência. Temos criado aqui um paradigma cultural em torno da cesárea, motivado pela péssima remuneração do profissional de saúde dos serviços públicos e pela conseqüente má qualidade do atendimento pré-natal e do acompanhamento obstétrico hospitalar. A desmistificação destes aspectos durante o acompanhamento pré-natal é ponto essencial na formação da confiança necessária para que se possa optar conscientemente pelo melhor.