A criança é um ser que vive apenas no presente. Esta afirmação é verdadeira?
A criança tem fome, acorda, chora, é saciada, dorme, tem fome, acorda, chora, é saciada, dorme... A seqüência de acontecimentos, que se repete indefinidamente, é a maneira como a inteligência não-verbal primitivamente organiza a noção de tempo. Tem caráter cíclico e repetitivo. À medida que fatos novos vão acontecendo, podem-se estabelecer marcos diferentes de orientação temporal e é sobre esses marcos que se estrutura uma noção mais complexa de tempo.
A melhor maneira de iniciar a aquisição da noção de tempo é descrevendo rituais conhecidos pela criança. Por exemplo, na hora do banho, relatar o que acontece: - Primeiro a mamãe tira a sua roupa, depois abre o chuveiro, depois passa o sabonete, depois enxágua... E assim por diante. É estabelecendo conexões temporais entre seqüências de acontecimentos que a criança adquirirá noções de passado e futuro.
Dentro das conexões, é importante frisar o que já aconteceu, o que está acontecendo e o que vai acontecer, alternando o ponto de vista temporal, de acordo com a ação presente. Por exemplo, enquanto a mãe tira a roupa da criança, dirá: - Estou tirando a sua roupa; você vai tomar banho. Durante a banho, insistirá: - Eu tirei a sua roupa; você está tomando banho; depois eu vou enxugar você. Este hábito, realizado alegremente a partir do nascimento, além de estimular o desenvolvimento do processamento lingüístico da criança, estreita laços afetivos, facilita o aprendizado da conjugação verbal e estrutura as noções de tempo.