VAI PRIMEIRO RECONCILIAR-TE COM TEU IRMÃO

Prossiga agora a leitura de Mateus, capítulo 5, versículos 21 a 26.

Leia também Gênesis 4. 1 a 16.

O mandamento “Não matarás” (Êxodo 20:13) não era nem é novidade para ninguém. Mesmo a justiça humana costuma punir o homicídio com as penas mais severas. Mas o homicídio, cuja fonte é o ódio ou a falta de amor, é a resultante de uma série de fatores, como as circunstâncias, a oportunidade, a ousadia de realizar o ato, a possibilidade da impunidade da lei humana, o descontrole emocional do momento. Muitos homicídios já deixaram de ser cometidos pela falta de oportunidade, pelo temor às leis dos homens, pela falta de ousadia ou de um instrumento adequado; embora a sua fonte provocadora estivesse fortemente presente no íntimo. Para Deus vale o que está se passando pelo coração do homem.

Quem mata está julgando, condenando e executando. Sem perdão. Está no mínimo sujeito a julgamento. Se será condenado ou perdoado Jesus não diz. A última palavra é de Deus. A fonte deste pecado é o ódio, ou a falta de amor. Em última instância isto é o que está sujeito a julgamento. Quem ama não julga, ou se julga usa a reta justiça através do prisma de Jesus. Se alguém se ira sem motivo (existe realmente motivo?), está julgando, e portanto sujeito a julgamento. Quem profere um insulto a seu irmão está julgando, condenando e deixando de perdoar. Estará sujeito ao julgamento e mesmo à condenação do “inferno de fogo”, se não for perdoado. Ao nos submetermos à justiça de Deus, não podemos esperar a absolvição. Somos culpados, devedores, imperfeitos, falhos, humanos, carnais e pecadores. A absolvição é apenas para os inocentes. O perdão é a única esperança para nós, pecadores.

É no altar de Deus que pedimos o perdão de nossos pecados. Mas como pedir seu perdão, se estamos em contenda com nosso irmão?

Jesus nos ensina que isto é incompatível. E mais uma vez bate na mesma tecla: Enquanto tivermos ódio no coração, estamos em débito com Deus, e fora do alcance do seu Perdão. Lembre-se da Palavra que o próprio Deus disse a Caim antes que este matasse Abel: “o teu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”.

ACAUTELAI-VOS

Abra a seguir em Lucas, capítulo 17, versículos 3 a 10.

Se o seu irmão pecou contra ti, a primeira Palavra de Jesus para isto é:

Acautelai-vos”

Nesta passagem, Jesus não fala de dívidas, mas sim de pecado. Não do nosso, mas o de nosso irmão contra nós.

Jesus aqui deixa bem claro que o crente não precisa ser um permissivo. Não precisa deixar passar em brancas nuvens o pecado de seu irmão. “Repreende-o”. Em outras palavras, alerte-o sobre o seu pecado, ajude-o a não pecar, leve-o ao arrependimento. Se você está vendo o seu irmão cair, ajude-o a levantar-se. O seu objetivo é que ele se arrependa, ou seja, tenha condições de receber o perdão. Nestas condições, “se ele se arrepender, perdoa-lhe”

Este é o passo inicial para conseguirmos a liberdade para seguir a Jesus. Não seremos salvos por isto, mas apenas libertos de nossa dívida existencial. Parece muito, não é? Mas é pouco. Se perdoarmos no íntimo as ofensas de nossos irmãos, poderemos dizer então “somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer”. No entanto se não fizermos isto, não teremos condições de prosseguir. Se você está achando difícil, junte-se ao coro dos Apóstolos e ore : “Senhor: Aumenta-nos a fé.”

Leia também Mateus 18.15 a 22.

Mas continuamos a repetir: “Acautelai-vos”

Jesus não ensinou a repreender a toda e qualquer criatura que peque contra ti, mas apenas “ao seu irmão”. A sabedoria habita com a prudência, e lembremo-nos da Palavra de Deus em Provérbios:

“O que repreende o escarnecedor, traz afronta sobre si; e o que censura o perverso, a si mesmo se injuria.”

“Não repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio e ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio ainda; ensina ao justo e ele crescerá em prudência.” Provérbios 9. 7 a 9.

Repreender o irmão em pecado tem um propósito: “para que toda palavra se estabeleça”. Nem sempre conseguimos isto sozinhos, sendo necessária a ajuda de outros irmãos que estejam firmes na fé, ou até a ajuda da Igreja. O objetivo é “ganhar o irmão” que perdido estava no pecado. Mas se mesmo repreendido pela Igreja o irmão preferir o pecado, então não tem como permanecer no Corpo de Cristo, devendo ser “desligado”, mas nunca condenado ou executado. Considerar alguém “gentio ou publicano” significa não dar valor aos seus valores, pois pelo contrário a Palavra do pecado estaria a permear e contaminar o Corpo de Cristo. Isto não quer dizer que devamos deixar de amá-lo e de continuar a lhe levar a Palavra de Deus (como se fosse gentio e publicano), pois se estiver em pecado deve ser convertido e se isto acontecer pode ser novamente ligado ao Corpo de Cristo.