SE EU NÃO TE LAVAR, NÃO TENS PARTE COMIGO

Leia agora em João, no capítulo 13, os versículos 1 a 11; e à seguir no capítulo 15, os versículos 1 a 3.

Antes da Páscoa, sabendo que era chegada a sua hora, durante a ceia, Jesus levantou-se, cingiu-se com uma toalha, deitou água na bacia e passou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. “Se eu não te lavar, não tens parte comigo.” Jesus não nos quer sujos pelo pecado. Ao contrário, Ele nos quer limpos dos pés à cabeça. Ele não chegou a dar banho nos discípulos, pelo menos não com a água material, mas sim com a água viva, que é a Sua Palavra. “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.” Ao nos entregarmos a Jesus e recebermos a Sua Palavra, aceitando-a, crendo nela e praticando-a, estaremos sendo limpos por esta palavra. Mas durante a jornada terrena é quase inevitável que “sujemos os pés”, isto é, erremos, pequemos e nos “sujemos” com a terra do mundo. Jesus vem então espontaneamente ao nosso encontro, e nos lava novamente, para que continuemos limpos. “Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais está todo limpo.” Quem nos limpa é Jesus, através da Sua Palavra. A água viva, que mata a sede, torna-se fonte e limpa. Repare também, que a Palavra de Jesus não é ministrada apenas verbalmente. Jesus realmente cingiu-se com uma toalha, deitou água na bacia e realmente lavou os pés dos discípulos. Foi um gesto concreto a transmitir uma mensagem, uma Palavra viva. O Verbo transformou-se em ação, e transmitiu a mensagem de Deus. O exemplo é uma Palavra.

Leia agora em João, no capítulo 13 os versículos 12 a 17. “Compreendeis o que vos fiz?” “Vós me chamais Mestre e o Senhor, e dizeis bem; porque eu o sou” “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.” “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” “Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.”

Com esta Palavra viva, Jesus estava demonstrando como deve ser o ministério dos que levam a Palavra. Repare que em primeiro lugar, o ministrador da Palavra deve assumir a postura de servo, servindo humildemente a seus irmãos. Em segundo lugar, o servo deve estar cingido, ou seja, deve preparar-se para o seu ministério. Em terceiro lugar o servo deve encher a bacia de água, ou seja, deve ser um recipiente da Palavra, para poder utilizá-la. Em quarto lugar, este ato deve ser bilateral, ou seja, o servo deve também aceitar que lhe ministrem a Palavra, a fim de ter limpo os pés. E por fim Jesus termina a lição consolidando a Sua presença neste ato:

“Em verdade, em verdade vos digo: Quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.”

A seguir, no capítulo 15 de João os versículos 1 a 27:

“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.” “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira; assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.” “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.” “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço.” “E o meu mandamento é este, que vos amei uns aos outros, assim como eu vos amei.” “Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.”

Após lavar os pés dos discípulos, Jesus fez disto um exemplo. Não o fato de lavar os pés materialmente, mas o compartilhamento de sua Palavra, que como água viva, está constantemente nos purificamos. Lavando os pés, e recomendando que os discípulos assim o fizessem, Jesus ensinava concretamente que os discípulos se auxiliassem mutuamente em sua jornada comum, limpando-se através da Palavra de Jesus. Mas a limpeza pela Palavra tem um denominador comum: o amor. A Palavra prega o amor, e deste modo, só pode ser usada se for com amor. Se for usada como reprimenda ou achaque, com desdém ou ódio, já não é mais mensagem de Jesus. Adorar em verdade significa adorar através da Palavra de Jesus, que diz: “E o meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” “Lavar os pés uns dos outros” significa usar a Palavra de Jesus, com amor, para auxiliar ao irmão a se limpar, da sujeira quase inevitável, que se nos pega aos pés ao andarmos pelo mundo. Em algumas igrejas, os crentes realmente deitam água na bacia e lavam-se os pés. Ao fazer este ato material, estão eles a transmitir o Verbo Divino, a Palavra viva que não é só ministrada oralmente, mas também através de atitudes. O objetivo do ato não é deixar os pés limpos, mas transmitir e lembrar o significado essencial desta Palavra. “Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.”