PREVENÇÃO DE INFECÇÕES CONGÊNITAS
Toxoplasmose

    A toxoplasmose é uma doença parasitária causada por um protozoário denominado Toxoplasma gondii.

    O toxoplasma é um parasita que tem como hospedeiro definitivo o gato; o homem, outros mamíferos e as aves são hospedeiros intermediários.

    Tecnicamente, chamamos de hospedeiro definitivo aquele no qual o parasita se reproduz de modo sexuado. No hospedeiro intermediário, a reprodução do parasita é assexuada.

    No homem adulto, a toxoplasmose geralmente é assintomática. Ocasionalmente, pode cursar com um quadro de eritema , febre e aumento ganglionar semelhante ao da rubéola. Geralmente é autolimitada e raramente necessita de tratamento específico.

    Por outro lado, se adquirida um pouco antes ou durante a gravidez, temos a síndrome da toxoplasmose congênita, que é um quadro grave caracterizado por manifestações cerebrais (encefalite, calcificações cerebrais, hidrocefalia, retardo neuromotor), manifestações oculares (microftalmia, estrabismo, destruição da retina), manifestações sistêmicas (pneumonia, miocardite, hepatite, anemia, icterícia), entre outras. A taxa de mortalidade gira em torno de quarenta a cinqüenta por cento dos bebês infectados.

    Apesar de ser doença que causa imunidade, ainda não existe vacina específica e o combate à toxoplasmose congênita reside em dois níveis: profilaxia da infestação e tratamento dos casos suspeitos durante a gestação.

Profilaxia

    A profilaxia para a toxoplasmose congênita depende exclusivamente de certos cuidados básicos para evitar a infestação do parasita no organismo da gestante. A toxoplasmose pode ser adquirida pelo ser humano adulto através de duas vias:

  1. Por ingestão dos protozoários defecados pelos gatos na terra, no lixo ou na areia, veiculados pelo contato manual ou através de vetores, como moscas, baratas e minhocas.

  2. Por ingestão de carne crua ou mal passada de animais contaminados.

    Para prevenir a infestação na gestante não imunizada, é necessário evitar o contato desta com gatos e a sua presença no ambiente doméstico; manter perfeita limpeza da casa e arredores, eliminando os insetos vetores; habituar a gestante ao uso de luvas para manipular carnes cruas, o solo, a areia e o lixo, lavando muito bem as mãos após o contato com este tipo de material; finalmente, cozinhar bem as carnes (o aquecimento acima de sessenta e seis graus centígrados mata o toxoplasma).

Tratamento

Por ser patologia suscetível ao tratamento por antibiótico totalmente seguro durante a gestação (espiramicina), o médico assistente deve estar atento aos seus sintomas na mãe. O diagnóstico é feito através de sorologia específica, mas a simples suspeita durante a gravidez, na falta ou no atraso do recurso laboratorial, justifica o tratamento. A gravidade da doença e a segurança da medicação, que não oferece nenhum risco teratogênico, fundamentam a conduta.

A coleta rotineira de sorologia para toxoplasmose, antes e durante a gestação, é tema de controvérsias. No entanto, a sorologia anterior negativa, seguida de quadro clínico compatível e de nova sorologia positiva, confirmam o diagnóstico de toxoplasmose adquirida e auxiliam o médico na decisão terapêutica. Por outro lado, a sorologia francamente positiva realizada antes da gravidez é sinal de imunidade e o risco de transmissão da doença para o feto por via transplacentária praticamente inexiste.